20 outubro 2014

A ASCENSÃO DA EURÁSIA :

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O mundo volta-se para o Oriente.
China deflagra um Plano Marshal na Europa e Rússia.
Por estes dias, o primeiro-ministro chinês está em visita oficial à Europa e à Rússia [2] . Eles traz molhadas de contratos, projectos de investimentos e perspectivas de negócios [3] , um verdadeiro plano Marshall de reconstrução das economias europeias e russas, parcialmente destruídas pela guerra ucraniana [4] ... Um plano irresistível, certamente. Mas estarão agora reunidas as condições para sermos realmente cauteloso na preservação da nossa independência em relação a esta nova potência? Recordemos que o plano Marshall contribuiu para encadear a Europa do pós-guerra aos Estados Unidos. Toda esta actividade entre a Europa, a Rússia e a China vai culminar nos próximos dias com a realização da cimeira ASEM , em Milão, dias 16 e 17 de Outubro. 
Este acontecimento tem toda a probabilidades de deixar uma marca nos livros de história, uma que vai reunir a Europa e a Ásia e proporcionar a plataforma de resolução da crise do Euro, da crise ucranianas, da crise euro-russa, da crise sistémica global... permitindo assim a transição para o mundo do pós crise. Teria sido mais "multipolarizante" que o acto fundador do mundo de depois fosse selado numa cimeira Euro-BRICS [8] , mas há urgência e, afinal de contas, três dos cinco BRICS estarão presentes (Rússia, Índia e China)... A cimeira ASEM tem em comum com a ideia de uma cimeira Euro-BRICS sobretudo o facto de ser representativa das novas realidades globais (peso económico, comercial, demográfico) e de não contar com os Estados Unidos, que doravante e até novo aviso apenas lança uma sombra sobre toda tentativa de adaptação do sistema mundial às novas realidades. O êxito deste encontro vai tornar evidente para todos o contraste entre as perspectivas oferecidas pela aliança com os Estados Unidos (que tratam sobretudo de questões de guerra) e aquelas oferecidas por uma aproximação estratégica com a Ásia (ou se trata sobretudo da questão da recuperação económica) [9] . Nossa equipe antecipa que as esperanças trazidas por esta cimeira terão nomeadamente como efeito dar o golpe de graça ao tratado transatlântico, o controverso TTIP [10] .