Em ataque direto à Rússia, EUA deflagram sangrenta guerra civil na Ucrânia - já bem abalada.
Larga escala, muitas centenas de milhares morrerão - até milhões.
Ao envolver Europa numa guerra, EUA surge vitorioso até aqui.
Não em vão a Milícia, durante os meses de trégua, tem estado continuamente a procurar (e a encontrar) veículos blindados pesados na estepes de Donetsk; tem estado a atrair e treinar milhares de voluntários, incluindo aqueles que possuem o conhecimento específico e as qualificações para serem capazes de usar eficazmente tecnologia moderna.
Todas as testemunhas oculares asseveram que a densidade de tropas na RPD/RPL excede o previsto e que aquelas tropas estão concentradas nuns poucos grupos com uma formação ofensiva fortemente pronunciada. E estas tropas têm sido poupadas – não foram enviadas para a frente de batalha. Elas deveriam assestar um golpe mortal às autoridades de Kiev que de imediato teriam de acabar com a frente de batalha. Este é o primeiro formato – o colapso da frente, seguido por uma ocupação gradual do território (não apenas da Novorússia, mas o de toda a Ucrânia). Mas isto será um processo lento, dependendo da prontidão da Milícia e das regiões. O segundo formato deveria trazer as regiões Central e Ocidental ao grau desejado de prontidão (a Novorússia já está pronta). Isso é uma guerra civil entre as autoridades de Kiev (Yatsenyuk contra Poroshenko, Kolomoyskyi contra todos, os nazis contra os oligarcas, o Exército contra os Guardas Nacionais, a "auto-defesa" camponesa contra os expropriadores urbanos de comida dos "destacamentos de abastecimento", etc).
Guerra no campo será de limpeza étnica, milhões morrerão.
Isto é o mais terrível conflito, capaz de rapidamente dizimar vinte e cinco a trinta por cento da população da Ucrânia e tornar aqueles que restassem desejosos de fazer fosse o que fosse só para travar o horror. Putin tentou impedir este enorme horror, oferecendo ao ocidente, sem necessidade para a Rússia, a preservação da Ucrânia sob condições de federalização e neutralidade. Este enorme horror está a ser provocado pelos EUA. Na realidade, não está a ser provocado – foi provocado.
O golpe e a guerra civil tornaram-se inevitáveis na Ucrânia dois meses antes das eleições parlamentares, quando ficou claro que Turchinov, Yatsenyuk e Avakov estavam a ir às eleições não ao lado de Poroshenko, mas contra ele. Os EUA estavam há muito à espera do momento em que os líderes de Kiev e seus apaniguados nazis começassem finalmente a matar-se uns aos outros. O aplicado Yatsenuk, os obedientes Avakov e Turchynov, agora despojados dos últimos farrapos de legitimidade, neste momento estão prontos para começar o tiroteio. Mas a segunda camada dos seus apaniguados ainda está temerosa. A maior parte do Exército ainda apoia Poroshenko. Para dizer isto suavemente, ela não é amistosa para com batalhões de voluntários nazis. O colapso da frente, o qual depois do fracasso das negociações australianas se tornou inevitável, elimina este ponto de apoio. Além disso, Poroshenko, como comandante supremo, perderá sua credibilidade na sociedade e nas agências de segurança. Os EUA obtêm assim o que eles querem – uma guerra civil sangrenta e em plena escala na Ucrânia com a liquidação dos remanescentes da economia e do estado, e o colapso de serviços comunitários e sociais. O território será mergulhado na Idade da Pedra numa questão de dias. Os EUA estão à espera de que, tendo finalmente preparado "o povo ucraniano", separarão para sempre a Rússia da Ucrânia.
EUA sabem que a conta terá que ser paga pela Rússia e Europa.
Além disso, sabem que a restauração de condições de vida normais para os sobreviventes terá de ser feita pela Rússia e a UE, o que deveria comprometer os recursos de Moscovo e de Bruxelas, criando uma vantagem competitiva para Washington. Os restos da população da Ucrânia encontrarão as tropas (ou da Novorússia ou russas) da mesma forma como os alemães encontraram o Exército Vermelho em 1945 – a alinharem-se em fila diante das cozinhas de campo e absorverem nova ideologia com as papas que lhes são servidas. Não deveríamos esquecer que na Ucrânia foi construída uma sociedade totalitária e que a propaganda totalitária tem uma característica – o povo começa a amar o que ontem amaldiçoava tão logo seja mudado o foco. A maior parte do pessoal que ali constitui um "povo ucraniano" perecerá e em breve será finalmente perdido nas frentes da guerra civil. Daqueles "líderes da opinião pública", os quais nos últimos vinte anos têm moldado na Ucrânia um discurso de russofobia, os que forem particularmente felizes serão capazes de emigrar para o ocidente e sobreviver tranquilamente na obscuridade o resto dos seus dias.
A maioria morrerá, nem que seja porque os EUA não têm qualquer necessidade de testemunhas dos seus próprios crimes. Mesmo aquela parte do povo que de manhã ainda começa o dia a cuspir na direcção de Moscovo e a prostrar-se diante do ocidente, após um curto mas eficaz banho de sangue organizado pelos políticos pró ocidentais sob slogans pró ocidentais e, ainda mais importante, uma vez que o ocidente se haja dissociado do destino da Ucrânia (o que logo será óbvio mesmo para os mais eufóricos Maidan-arbeiters), odiará o ocidente pela sua traição (artigos e blogs nesse sentido escritos pelos mais exigentes euro-integradores já começaram a aparecer nos mass-media ucranianos). Esperançosamente, por razões objectivas, a Milícia mover-se-á lentamente para o ocidente, de modo que quem quiser terá tempo para correr para a UE e aderir à Europa em termos pessoais.
Na generalidade, quanto mais breve o período de liquidação mais vidas podem ser salvas; mas que a conta de cadáveres, já acima de trinta mil, irá a centenas de milhares é quase inevitável. Tão inevitável como dois a três milhões de emigrantes para a Europa. Isto, no melhor caso; no pior, a Ucrânia pode perder um quarto da sua população anterior à guerra (e nem todos os perdidos serão emigrantes).