12 agosto 2015

O COLAPSO DO IMPÉRIO :

Resistir.Info - People's Democracy - Aug 2015 - clik 1 - clik 2 
Mega-crise global faz oito anos: tende a se agravar, e já arrasta até mesmo a Índia e a China.
Mais de sete anos após o início da crise do mundo capitalista não há sinal de qualquer recuperação e hoje as perspectivas parecem ainda mais negras do que antes. De facto, enquanto o mundo capitalista avançado continua atolado na crise, ela agora está a propagar-se por todo o globo, mesmo para países como a Índia e a China que inicialmente pareciam haver escapado ao seu impacto. A taxa de crescimento do PIB indiano está a desacelerar; além de que o sector manufactureiro continua a testemunhar estagnação quase absoluta. A taxa de crescimento de 2,3 por cento nas manufacturas em 2014-15, ainda que exígua representou uma melhoria em relação aos 0,8 por cento em 2013-14 e foi geralmente extrapolada como uma viragem. Mas a taxa de crescimento em Maio, o mês mais recente para o qual temos números, está outra vez nos 2,2 por cento (em relação ao mesmo mês de um ano atrás). Também na China, a taxa de crescimento do PIB está a reduzir-se; isso acontece no seu sector industrial que testemunhou uma expansão fenomenal durante longo tempo. E uma vez que a China emergiu como grande compradora de matérias-primas, incluindo as da América Latina, um arrefecimento da sua taxa de crescimento industrial implica um entrave a várias economias do terceiro mundo cujas fortunas haviam melhorado devido ao boom chinês. A crise, em suma, está a tornar-se generalizada por todo o globo, mesmo que haja uma pequena melhoria nas economias dos países capitalistas avançados. 



A situação quanto à Eurozona é bem conhecida: todo o Sul da Europa, e mesmo a França, é atingido duramente pela crise. E a Grã-Bretanha continua a sofrer com as medidas de "austeridade" draconianas impostas pelo governo Cameron. O fortalecimento do dólar, já a caminho, dará novo impulso e piorará o défice corrente na balança de pagamentos dos EUA o que reduzirá a procura agregada no país. Isto se somará à redução que taxas de juro mais altas provocariam de qualquer modo através da redução de despesas devido a custos mais altos para a tomada de empréstimos. E enquanto a recessão estado-unidense piora, o resto do mundo também experimentaria uma pioria porque teria de ascender taxas de juro em resposta às taxas americanas. Na verdade, uma queda relativa no valor das divisas do resto do mundo em relação ao dólar deveria aumentar suas exportações líquidas para os EUA. Mas o aumento inflacionário associado à depreciação das divisas forçaria seus governos a cortarem despesas, cujos efeitos na redução da procura mais do que compensariam qualquer aumento da procura que a depreciação da divisa pudesse promover. 
E haveria um factor adicional a actuar na mesma direcção, o qual é a não disponibilidade de influxos de dólares no caso de um aumento nas taxas de juros dos EUA. Tais influxos actualmente sustentam os défices em conta corrente de países como a Índia, mas se eles não estiverem mais disponíveis então estes países seriam forçados a cortar na sua procura agregada e a adoptar medidas de "austeridade" para restringir seus défices correntes. 
Em suma, o capitalismo mundial parece destinado a um agravamento da crise. Mesmo depois de sete anos após o seu surgimento, a crise persiste apesar de as taxas de juro dos EUA serem deitadas abaixo para zero ao longo deste período. E quando estas taxas aumentarem, o que eles estão em vésperas de fazer sob a pressão do capital financeiro, a crise só pode piorar. O capitalismo hoje parece muito mais afundado na crise do que a maior parte das pessoas, incluindo mesmo muitos na esquerda, imaginam.